Seminário online vai debater e propor soluções para a erradicação da pobreza menstrual

O evento, que acontece dia 29 de maio, tem inscrições limitadas e contará com a participação de especialistas, instituições, organizações sociais e representantes do poder público.

A pobreza menstrual, que é a falta de recursos financeiros para adquirir itens de higiene menstrual, tem ganhado repercussão no Brasil e não é diferente em Florianópolis, a capital que possui a cesta básica mais cara do país, segundo dados do DIEESE. Com o intuito de discutir o tema e buscar soluções para o problema, o mandato da vereadora Carla Ayres (PT) e Úrsula Maschette, psicóloga e educadora menstrual, realizarão no dia 29 de maio o 1º Seminário Online Sobre Pobreza Menstrual em Florianópolis. O objetivo do seminário é discutir o problema e propor soluções para diferentes aspectos do tema, como educação, saúde pública, corpos que menstruam e sustentabilidade.

O 1º Seminário Online Sobre Pobreza Menstrual reunirá especialistas, instituições, organizações sociais e representantes do poder público, privilegiando o debate entre as participantes no intuito de ampliar o debate e romper com os tabus sobre o tema. São José e Palhoça, ambas cidades da região metropolitana da capital, já implementaram ações com o intuito de distribuir absorventes, entretanto, o Projeto de Lei 18205/21 apresentado pela vereadora Carla Ayres (PT) e que busca erradicar o problema em Florianópolis, conta com o apoio dos membros da Comissão em Defesa dos Direitos da Mulher e Promoção da Igualdade de Gênero (CDDMIG). A vereadora também está construindo uma indicação que será apresentada ao executivo. O projeto propõe a distribuição de itens de higiene e a realização de campanhas e ações de conscientização junto à população, alcançando principalmente crianças, adolescentes e demais pessoas que menstruam, especialmente, indígenas, quilombolas, imigrantes, refugiados, pessoas em situação de rua, abrigamento, em privação de liberdade ou em situação de vulnerabilidade social.

De acordo com Ursula Maschette, especialista em negócios de impacto, inovação e tecnologias voltadas para a saúde feminina e que integra a organização do Seminário, destaca que o evento será uma oportunidade única para o diálogo sobre este tema na cidade. “No Seminário nós poderemos pluralizar o debate sobre o tema da pobreza menstrual, a partir de diferentes perspectivas, o que é fundamental para fomentar um verdadeiro movimento no sentido de ampliar a discussão sobre este tema, rompendo com os tabus e ampliando a discussão na esfera pública. Nós só conseguiremos alcançar isso se todas as participantes se sentirem pertencidas a esta discussão, rompendo com o silêncio, tirando este debate da intimidade de cada pessoa e trazendo para a discussão coletiva”.

O preço dos absorventes é um dos principais agravantes do problema no Brasil, afinal, os absorventes são tributados como produtos cosméticos e não de higiene. Estima-se que meninas de baixa renda chegam a perder até 45 dias de aula a cada ano letivo por falta de acesso a absorventes íntimos quando estão menstruadas. Neste sentido, a vereadora Carla Ayres afirma que o custo das faltas escolares e do atendimento através de saúde às pessoas com doenças provenientes da má higiene menstrual é muito maior do que qualquer programa de distribuição de absorventes. “Precisamos voltar nossas atenções para a dura realidade de famílias que hoje vivem na informalidade, que sofrem com o desemprego ou que recebem R$ 150,00 de auxílio do governo. Essas pessoas precisam escolher entre comer e comprar produtos de higiene menstrual, afinal, apenas o gás de cozinha já custa mais de R$ 100,00. Isso traz impactos diretos na qualidade de vida dessa população, na sua assiduidade escolar e até mesmo na sua saúde”.

Carla destaca ainda o silenciamento e o tabu em torno do tema, o que dificulta a aprovação de políticas públicas para combater o problema. “Nós vivemos numa cultura onde as mulheres sempre foram silenciadas, sempre foram excluídas do debate público e da construção das políticas sociais. É preciso mudar essa realidade, trazendo à tona um debate fundamental que é a pobreza menstrual. A menstruação precisa deixar de ser um tabu e cabe ao Estado promover políticas públicas neste sentido. O Seminário que iremos realizar vai ao encontro desta proposta, afinal, reuniremos uma centena de pessoas para debater e buscar soluções para esse problema aqui na nossa cidade e, quem sabe, incentivar discussões semelhantes em outras cidades do país”.

As interessadas e interessados podem fazer a sua inscrição até o meio-dia de sábado, dia 29 de maio, pela internet. O evento é totalmente online e gratuito e ocorrerá das 14h às 18h, através da plataforma Zoom. As vagas são limitadas às primeiras 100 pessoas que fizeram a sua inscrição. O evento conta com o apoio de: Menstruando Sem Tabus, Impact Hub Floripa, ADOSC e Acontece Arte e Política LGBTI+.

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