Violência contra as mulheres é uma epidemia silenciosa no Brasil

A violência contra as mulheres é uma realidade que assola o país e não difere classe social. Trata-se de uma epidemia silenciosa, que nos últimos 12 meses vitimou 24,4% das mulheres acima de 16 anos, ou seja, uma em cada quatro brasileiras, de acordo com uma pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Tendo por base esse percentual, significa dizer que cerca de 17 milhões de mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual no último ano aqui no Brasil. Na esteira dos retrocessos sociais vividos desde o golpe machista e misógino contra a presidenta Dilma Rousseff, as mulheres vêm sofrendo uma série de ataques decorrentes da crise política e institucional que afeta o país e que culminou com o avanço de setores conservadores e fundamentalistas da sociedade. 

Quem aí não se lembra dos protestos e intimidações sofridos pela menina de 10 anos, vítima de estupro cometido pelo próprio tio, e que precisou entrar no hospital dentro de um porta malas, para conseguir realizar o aborto legalizado em Pernambuco? Este caso reforça o quão frágeis são as conquistas sociais obtidas pela luta histórica das mulheres ao longo das últimas décadas. Precisamos estar atentas todos os dias, reivindicando nossos direitos e denunciando as violências cotidianas que sofremos.

Ao completar 15 anos de história, a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) é reconhecidamente um importante instrumento de combate à violência contra a mulher. Entretanto, a lei ainda é insuficiente para resolver um problema social que está diretamente associado ao comportamento machista e patriarcal que estrutura a sociedade brasileira. De nada adianta punir os agressores e não garantir que as mulheres possam ter sua autonomia e independência financeira. É sempre importante lembrar que a falta de emprego e de recursos financeiros são alguns dos motivos que mantém as mulheres presas no ciclo da violência doméstica.

Vivemos num país onde 8 mulheres são agredidas por minuto, apenas 0,03% das prioridades orçamentárias da União no ano passado foram relativas ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. O descaso do governo federal em relação à violência contra as mulheres é inversamente proporcional à mobilização das milícias digitais bolsonaristas para atacar a pauta feminista nas redes sociais. Enquanto incentivam o ódio contra as feministas, os fundamentalistas se calam diante dos 449 casos de feminicídio registrados no Brasil em 2020.

A campanha “Agosto Lilás”, que tem por intuito discutir os temas relacionados ao enfrentamento da violência contra as mulheres em suas diversas formas, é mais uma forma de dar notoriedade a um problema que está muito próximo de nós. Enquanto você lia este texto, 16 mulheres foram violentadas no Brasil e sua vizinha, prima, tia ou amiga pode ter sido uma delas. Por isso, é tão importante romper com essa violência cotidiana, implementando políticas públicas de educação nas escolas, de combate à violência doméstica, de amparo às vítimas de violência e de oportunidades às mulheres para que elas conquistem a independência financeira e possam construir uma nova história.


Contatos úteis sobre estruturas de estado que prestam apoio às mulheres vítimas de violência em Florianópolis:

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